sábado, 15 de dezembro de 2007

Wal-Mart

Um assunto bem chamativo na semana de Uberaba foi, com certeza, a chegada do hipermercado americano Wal-Mart, prevista para o primeiro semestre de 2008. E, recentemente, também recebemos outras franquias, como o Bob's, a volta do Habib's, e a pizzaria e self-service Queropizza, todos no ramo alimentício. Isso nos leva a raciocinar sobre um possível aumento do poder aquisitivo do uberabense, pois vieram num curto espaço de tempo. E isso, obviamente, é positivo para o crescimento da cidade.

Quando soube-se da vinda do Carrefour, foram muitas as especulações, inclusive de que grande parte dos pequenos supermercados seriam obrigados a fechar, e que a concorrência seria muito grande. Outros ousaram dizer que o hipermercado francês não daria certo, pois estava além das necessidades de Uberaba. Para confirmar que a renda do uberabense provavelmente está aumentando, o Carrefour se consolidou, junto com a abertura de uma nova unidade do Bretas, e os pequenos supermercadistas não faliram.

Não podemos esquecer também da fama uberabense de os estabelecimentos não darem certo e fecharem rápido, principalmente quando os empreendimentos provêm da própria cidade. Quando abre alguma coisa nova, todos prestigiam, mas após algum tempo são poucos o que conseguem realmente cativar a população de Uberaba. E o que vem acontecendo no setor alimentício é o contrário, talvez os habitantes estejam mais preocupados em se alimentarem melhor. E também não esqueçamos a outra fama que a cidade tem; as pessoas demonstram ter uma vida confortável, a qual realmente está sustentada numa falta de preocupação com comer bem. Em outras palavras, parecem ricos mas passam fome.

O que mais se propaga com a vinda da Wal-Mart é a criação de empregos, que de acordo com os meios de comunicação da cidade chegam a mil, entre diretos e indiretos. Além disso, a rede está proposta a investir em projetos sociais, como um flat para idosos. Essa mesma rede norte-americana de hipermercados vende, nos EUA e no Canadá, armas e munições, comércio muito criticado devido a facilidade de obtenção de um artefato com o qual se mata pessoas. Ainda imagino o que aconteceria no Brasil se armas fossem vendidas em supermecados... melhor nem imaginar.

sábado, 8 de dezembro de 2007

A alienação dos jovens

Existe um estereótipo que define a atual geração de jovens: alienados, egocêntricos, individualistas e desengajados. Por mais que ainda existam adolescentes com maiores preucupações do que a balada do final de semana, esses constituem uma minoria na atual sociedade brasileira, bem diferente do que era presenciado nos anos 60 e 70, com as ações contra a ditadura, e nos anos 90 com o impeachment do então presidente Collor. E as pessoas se perguntam o que aconteceu e acontece com essa geração da qual faço parte, e que parece estar estática.

A visão do mundo está cada vez mais capitalista e centrada em retornos financeiros. Os pais estão preocupados se o filho está numa boa escola, se aprendeu alguma língua estrangeira, se vai ingressar na faculdade, se será bem sucedido profissionalmente. Mas muitos não se preocupam se estão criando pessoas conscientes politicamente, que tenham senso crítico diante de tanta coisa veiculada pela mídia e que pensem um pouco mais na situação do outro, e na situação do planeta. Não se criam tantos jovens que olhem um pouco mais além das cercas elétricas que circundam suas casas, que enxerguem que os problemas do mundo também são de sua conta. E o mais importante, que cresçam.

A verdade é que criou-se o fenômeno da adolescência prolongada. Os pais preferem ter seus filhos bem perto de seus olhos, pensando que assim evitam que eles se envolvam com drogas, más companhias e violência, do que atirá-los ao mundo pra que se virem sozinhos, trabalhem e almejem constituir seu próprio lar e assim adquiram importantes responsabilidades. Principalmente a classe média que foi pobre um dia, impõe um modelo de vida para seus filhos que eles não tiveram, e que julgam melhor. É um conforto conformista, que muitas vezes o contato com a realidade externa se limita àqueles proporcionados pelos botões de um controle remoto.

Os jovens ativistas são poucos e, naturalmente, o sistema impõe a ele muitas dificuldades. Para o sistema, o papel do adolescente é estudar, se formar, saber ganhar dinheiro, ser o melhor na sua área. E ser o melhor é saber corresponder às expectatiavas da sociedade, um bom pesquisador, ou que cumpra sua profissão satisfatoriamente. Porém não há interesse de formar o jovem que lute por mais igualdade, que se revolte com as injustiças sociais do mundo, que veja a importância da preservação ambiental. Os problemas do globo estão cada vez mais complexos de serem resolvidos, exemplos são o tráfico de drogas que formou um Estado paralelo em várias capitais e o tão profanado aquecimento global. Então, precisamos de uma geração ainda mais inteligente e engajada para que os mesmos sejam sanados ou atenuados. E não é isso que se vê...

Os jovens pessoalmente não têm culpa de serem alienados. Há um conjunto de criação, somado ao capitalismo forte e às atuais conjunturas sociais que formaram essa geração, afinal não está geneticamente definido que um adolescente esteja politizado ou não. O maior empecilho mesmo é o conformismo generalizado, que não se limita à faixa etária dos jovens, mas dos adultos e idosos também. É aquela história, enquanto a enchente não chega na sua porta, você não se incomoda muito...

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

A Questão do CESUBE

*Assinam também este post, Evandro de Souza e João Edson Pacheco

Algumas pessoas me questionaram preocupadas a respeito da declaração do prefeito Anderson Adauto sobre o fim do convênio com a FUMESU, fundação mantenedora do CESUBE. O que tenho a dizer é que era uma atitude mais do que esperada, e que ele não se preocuparia nem com o fato de isso poder ser um tiro no pé político. Sensibilidade com os estudantes, em sua maioria estudantes oriundos de escolas públicas que vêem no CESUBE uma alternativa viável para obter um diploma de curso superior, o prefeito definitivamente não tem. O prefeito tem "argumentos fortes" para deixar de repassar o dinheiro do CESUBE. Então por que insistirmos nessa briga?


Como disse anteriormente, a antiga Faculdade de Educação de Uberaba (FEU) foi criada para atender principalmente uma demanda da cidade que precisava formar educadores. Então foram criados cursos de qualidade a preço acessível para boa parte da população. Em seguida foi criada a Faculdade de Engenharia do Triângulo Mineiro (FETM) para suprir a necessidade de profissionais da área de infra-estrutura, já que aqui na cidade não existia mais o curso de Engenharia Civil na Uniube. As duas faculdades se transformaram em CESUBE, com o intuito de fazer as faculdade mantidas pela FUMESU crescerem e terem um caráter comunitário e independente da prefeitura municipal. É bom que isso seja dito, pois o atual governo, que tanto fez para inviabilizar a instituição, já disse que não quer gastar com o CESUBE. Mas em vez de prosseguirem com a proposta das gestões anteriores, que era caminhar para a autonomia através da ampliação do CESUBE, preferiram apontar problemas e atrasar repasses que ainda são necessários para a instituição.




Vamos discutir os argumentos contra o CESUBE, que o prefeito usou nas últimas declarações.




1 - O CESUBE devia estar conversando com a UFTM para acenar alguma parceria.


- Questão prontamente respondida pelo Prof. Godoy. Não houve convocação oficial. E para quem não costuma cumprir nem o que está escrito, é mais difícil cumprir o que foi dito. Além disso, o CESUBE atende um aluno com perfil diferente do aluno da UFTM. E ainda que no futuro a UFTM atenda a demanda de formação de professores da cidade (o que é pouco provável à médio prazo) o CESUBE não pode morrer por inanição. Deixar de repassar verbas para a FUMESU porque não há diálogo com a UFTM, foi a pior desculpa já dada pelo prefeito para justificar seu descaso com o CESUBE desde sua posse.


2 - O foco da administração é no ensino do 1º grau.


- Está certo! É obrigação do prefeito focar sua administração no ensino fundamental, como prevê a constituição. Mas ele não leva em consideração o fato de que a carta maior também diz que o governo municipal deve, por obrigação, investir 25% de suas receitas próprias em educação. Este dinheiro, somado aos repasses do governo federal, garante verba suficiente para colocar todas as crianças na escola, e pode ser feito muito mais, caso o dinheiro seja bem administrado. Por isso, dizer que o dinheiro do CESUBE prejudica a qualidade do ensino fundamental é no mínimo leviano.


Reparem bem como o Prefeito já foi melhor para argumentar a respeito, embora isso não signifique que ele tenha sido bom nisso um dia. Existe um ditado que diz que "contra a força não há argumentos", e é nisso que ele sempre apostou. Errado não está o ditado. Errado está o prefeito que duvidou o tempo todo da força da comunidade acadêmica do CESUBE. E que ele não duvide mais uma vez.

sábado, 1 de dezembro de 2007

"Golpe em Uberaba"

Com certeza, muitos já receberam um e-mail com esse assunto. Ele fala sobre um golpe que vem acontecendo com frequência na cidade; uma pessoa finge estar atropelada na calçada e pede ajuda aos carros que passam, mas na verdade é um assaltante armado que pratica seqüestros relâmpago e furtos, já que quem a socorre a leva pra dentro do veículo. Por isso, a mensagem aconselha a quem ver algum atropelado que não o socorra pessoalmente e jamais o leve no carro, mas chame a polícia ou uma ambulância.
Sinceramente, nunca nem ouvi falar de alguma vítima desse golpe, mas não sei ainda o que é pior: socorrer um atropelado e ser assaltado, ou ser obrigado a negar ajuda para um suposto acidentado. Esse é um exemplo não de responsabilidade pública, pois não há órgão nem autoridade que possa regulamentar a honestidade dos cidadãos, mas nos leva a refletir a que ponto a insegurança que temos diariamente chegou.
O Estado é sim deficiente ao manter a segurança aos civis, pois o sistema penitenciário é precário, exemplo é a rebelião dos presos em Goiânia pela superlotação. Isso sem falar no sistema jurídico, se fossemos citar todos seus problemas, seria necessário dedicar muitos posts a ele. Porém, o que mais espanta é mesmo a criatividade dos assaltantes, como o caso que parece assolar nossa cidade, e as pessoas passam a ser vítimas de seu próprio ato de solidariedade, assim digamos.
Vivemos numa sociedade em que é perigoso ser honesto, pode nos trazer prejuízos se agirmos de boa fé. E isso porque dizem que o segredo de um mundo "mais feliz" está na capacidade das pessoas em serem solidárias e atentas aos próximos, principalmente em situações em que eles são realmente necessitados. E isso forma um paradoxo difícil de ser resolvido, pois já diz a comunidade que "Bonzinho só se fode". Estamos aprendendo a ser mais egoístas, a pensarmos apenas em nós, e os outros que se danem. E assim, cada um agindo de acordo com seus próprios interesses, forma-se o caos que vemos no dia-a-dia, e a desunião geral impossibilita que muitos problemas que só as pessoas possam sanar encontrem um fim.