sábado, 8 de dezembro de 2007

A alienação dos jovens

Existe um estereótipo que define a atual geração de jovens: alienados, egocêntricos, individualistas e desengajados. Por mais que ainda existam adolescentes com maiores preucupações do que a balada do final de semana, esses constituem uma minoria na atual sociedade brasileira, bem diferente do que era presenciado nos anos 60 e 70, com as ações contra a ditadura, e nos anos 90 com o impeachment do então presidente Collor. E as pessoas se perguntam o que aconteceu e acontece com essa geração da qual faço parte, e que parece estar estática.

A visão do mundo está cada vez mais capitalista e centrada em retornos financeiros. Os pais estão preocupados se o filho está numa boa escola, se aprendeu alguma língua estrangeira, se vai ingressar na faculdade, se será bem sucedido profissionalmente. Mas muitos não se preocupam se estão criando pessoas conscientes politicamente, que tenham senso crítico diante de tanta coisa veiculada pela mídia e que pensem um pouco mais na situação do outro, e na situação do planeta. Não se criam tantos jovens que olhem um pouco mais além das cercas elétricas que circundam suas casas, que enxerguem que os problemas do mundo também são de sua conta. E o mais importante, que cresçam.

A verdade é que criou-se o fenômeno da adolescência prolongada. Os pais preferem ter seus filhos bem perto de seus olhos, pensando que assim evitam que eles se envolvam com drogas, más companhias e violência, do que atirá-los ao mundo pra que se virem sozinhos, trabalhem e almejem constituir seu próprio lar e assim adquiram importantes responsabilidades. Principalmente a classe média que foi pobre um dia, impõe um modelo de vida para seus filhos que eles não tiveram, e que julgam melhor. É um conforto conformista, que muitas vezes o contato com a realidade externa se limita àqueles proporcionados pelos botões de um controle remoto.

Os jovens ativistas são poucos e, naturalmente, o sistema impõe a ele muitas dificuldades. Para o sistema, o papel do adolescente é estudar, se formar, saber ganhar dinheiro, ser o melhor na sua área. E ser o melhor é saber corresponder às expectatiavas da sociedade, um bom pesquisador, ou que cumpra sua profissão satisfatoriamente. Porém não há interesse de formar o jovem que lute por mais igualdade, que se revolte com as injustiças sociais do mundo, que veja a importância da preservação ambiental. Os problemas do globo estão cada vez mais complexos de serem resolvidos, exemplos são o tráfico de drogas que formou um Estado paralelo em várias capitais e o tão profanado aquecimento global. Então, precisamos de uma geração ainda mais inteligente e engajada para que os mesmos sejam sanados ou atenuados. E não é isso que se vê...

Os jovens pessoalmente não têm culpa de serem alienados. Há um conjunto de criação, somado ao capitalismo forte e às atuais conjunturas sociais que formaram essa geração, afinal não está geneticamente definido que um adolescente esteja politizado ou não. O maior empecilho mesmo é o conformismo generalizado, que não se limita à faixa etária dos jovens, mas dos adultos e idosos também. É aquela história, enquanto a enchente não chega na sua porta, você não se incomoda muito...

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