sábado, 10 de novembro de 2007

Legalização do comércio de drogas

Vivemos um contexto cultural em que filmes, novelas, livros que tratam de temas como a favela e o tráfico de drogas está em evidência. Isso desperta uma reflexão sobre o domínio político que os traficantes exercem no país, e também sobre a legalização do comércio de drogas, algo que pessoalmente sou a favor.

É lamentável saber que em um país rico em recursos naturais como o Brasil existem comunidades cuja principal atividade econômica é o tráfico de drogas atrelado à corrupção de diversas instituições. E é esse o principal responsável pela violência e crimes principalmente nas grandes cidades brasileiras, onde uma guerra urbana diária está instaurada e as autoridades não estão devidamente empenhadas em resolver o problema. Prova disso foi o depoimento mais ingênuo impossível do secretário de segurança do Rio de Janeiro; de acordo com ele, a violência no estado se atenua a partir do momento em que se desarmam os traficantes na favela, e o governo está empenhado nisso. É uma utopia achar que os policias conseguem ter uma ação efetiva a ponto de promover o desarmamento nos morros, pois em muitos casos são eles próprios os fornecedores das armas.

A legalização da venda de drogas acabaria com muitos transtornos que o tráfico gera, pois o comércio, mesmo que realizado nas favelas, seria permitido e não haveria necessidade de grupos armados para garantir a chegada e distribuição dos entorpecentes. Não haveria necessidade de envolver crianças que se encarregam de avisar da chegada de policiais, ou mesmo da entrega das drogas. Fato é que o esquema de violência e corrupção dos morros brasileiros pode até continuar, porém por outros motivos que não sejam ligados às drogas. E esses outros motivos são bem menos complexos e em menor frequência.

Porém, sempre que se levanta a questão da legalização das drogas, surge um grupo moralista defendendo a saúde geral da população, que questiona: "como se pode vender abertamente uma substância tóxica, que causa dependência e pode levar à morte?". Acontece que todos os usuários de drogas têm a consciência do mal que lhes é causado, pois se existe um setor na sociedade que é eficiente é o de campanhas, como a da dengue, como a do "Diga não às drogas". Portanto, quem compra sabe as consequências que sofrerá. E não se pode continuar com essa visão individualista que olha o lado usuário, mas sim considerar as vantagens que a ação trará para a sociedade como um todo. E há outros tipos de subtâncias igualmente tóxicas circulando livremente no mercado, como o cigarro e remédios antidepressivos que atuam como verdadeiros entorpecentes. E ninguém fala nada. Comparações são difíceis e delicadas de serem feitas, mas na Europa existem países em que a droga é legalizada, e isso não foi motivo para atrasar as atividades econômicas ou seu desenvolvimento. Enquanto a mentalidade falsamente puritana ainda dominar o país, o caos da violência permanecerá.

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