sábado, 17 de novembro de 2007

Manifesto contra a UFTM

Semana passada, esteve estampado nos principais jornais da cidade o manifesto elaborado pelas escolas particulares de Ensino Médio da cidade, exprimindo revolta contra o vestibular da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. O foco foi mostrar que na universidade, especialmente no curso de Medicina, predominam estudantes de fora, e há poucas aprovações de uberabenses. Os argumentos foram convincentes, e se o objetivo era esculachar a Vunesp, que elabora a prova, este foi alcançado. É comprovado que ela usa de um banco de questões não contextualizadas e não regionalizadas, fato que acontece em qualquer outra vestibular. Não existem as típicas questõezinhas que exploram o aspecto físico ou econômico de nossa região, o que poderia beneficiar os vestibulandos do Triângulo. Além do mais, as escolas ficam à mercê da data escolhida para o exame, pois a UFTM espera saber de todos os outros vestibulares para que não coincida com a data da prova, a fim de aumentar o número de alunos inscritos. Ou seja, prevalece o interesse financeiro, como sempre. O que mais chamou a atenção no manifesto foi o relato sobre uma menina de Votuporanga, que foi aprovada em Medicina, mas continua fazendo cursinho em sua cidade e segura sua vaga aqui através de atestados médicos. E muitas outras críticas ainda são feitas, como em relação ao método de correção de redações e do fato de se poder realizar a prova em outras cidades como São Paulo e Belo Horizonte.

Seriam coisas que só acontecem em Uberaba? Sinceramente, possa ser que a imprensa omita esse tipo de acontecimentos, mas nunca ouvi nem falar de algo parecido em outros lugares. Como, por exemplo, professores de BH revoltados com o vestibular da UFMG ou os de São Paulo querendo mudanças na FUVEST. Isso nos leva a pensar até que ponto as escolas particulares estão interessadas no sucesso dos alunos ou nas aprovações que servem de propaganda para atrair novas matrículas. Os colégios argumentam estarem unidos pela justiça com os vestibulandos uberabenses, mas é lógico que por trás da cortina de responsabilidade social que o manifesto tem prevalece o interesse individual de cada instituição. O interesse é de transformar um aluno, um ser humano, num símbolo de vitória na competição injusta que é o vestibular.

Comparações à parte, porém sabe-se que nos países desenvolvidos existem métodos mais sensatos na seleção dos alunos para as universidades, métodos estes que incluem o desempenho ao longo da carreira escolar e testes de aptidão pessoal. Quem consegue passar no vestibular tem sim seu mérito de esforço e competência, entretanto não será necessariamente um bom profissional da área que escolheu. Aliás, a escolha ocorre muito precocemente, pois a idade do fim do Ensino Médio é muito pouca para decidir a profissão, e muitos jovens chegam a não ter maturidade para se conscientizarem das mudanças que vêm pela frente.

Além do método injusto de seleção, e o fato da pouca idade dos vestibulandos, o teste em si é altamente excludente. Se as escolas particulares se preocupam com as poucas aprovações de seus estudantes, o que resta aos alunos de escolas públicas? Escolas estas que muitas vezes não possuem infra-estrutura adequada, que fazem muitas greves ao ano prejudicando as aulas, e o pior, cujos professores mal remunerados raramente estão devidamente engajados em ensinar. Soma-se a isso o preço inacessível do vestibular das faculdades públicas, mais uma barreira a enfrentar. É complicado idealizar um futuro melhor para um país onde o sistema para ingressar numa universidade federal ou estadual é tão deficitário e caduco. E o pior é que para muitos a única saída é a educação...

*Raysa Pacheco é estudante e integrante da comissão de juventude da Contra Corrente.Atualiza o blog todos os sábados.

Um comentário:

Anônimo disse...

na boa, minha filha, só tem bobagem escrito nesse texto. Claro que os colegios de sao paulo e BH reclamam das provas de vestibular. todo mundo sempre reclama alguma coisa. Agora feio é ficar falando um monte de abrobrinha autruista como afirma. sou de uberaba e fiz cursinho em sao paulo e la tb eh a mesma coisa. agora estudo na uftm