terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O que tem de errado na parcialidade na imprensa?

Nada. Respondo logo de cara o questionamento que faço no título. Deveríamos ter consciência que é difícil (talvez impossível) termos uma visão imparcial das coisas. Infelizmente, entretanto, aqui no brasil, a imprensa, especialmente quando o assunto é política, prefere ter posturas distintas das da grande maioria da mídia do resto do mundo.

Digo isto pois semana passada, o Jornal The New York Times publicou em seu editorial o apoio às candidaturas da democrata Hilary Clinton, e do republicano John McCain nas primárias americanas (reportagem em português no globo.com). Já aqui no Brasil, o que vimos nas últimas eleições foi um festival de informações imprecisas e muitas vezes até falsas, mas sem deixar claro a quem tais informações interessavam. Quem não se lembra da inoportuna matéria da Revista Veja acerca dos dólares vindos de Cuba para a campanha de Lula, coisa que nunca foi comprovada, e comprometeu a credibilidade da revista até entre aqueles que apoiavam Alckmin. Se a imparcialidade não contribui, uma imparcialidade mal disfarçada é pior ainda. Muito mais honesto um discurso panfletário, desde que de forma fundamentada, ao contrário dos "Reinaldos Azevedos" e dos "Paulos Henriques Amorins" da vida. Um exemplo disso, foi na França em 2002, quando o candidato fascista à presidência da república Jean Marie Le Pen crescia nas pesquisas eleitorais, chegando inclusive ao segundo turno das eleições naquele ano, e o jornal de esquerda, Libération, estampou na capa uma foto de Le Pen com ar arrogante, e um "não" escrito em letras garrafais. Dentro do jornal (que foi fundado pelo filósofo Jean Paul Sartre) uma matéria sobre os perigos do crescimento da xenofobia no país.
Não creio que a grande mídia perde fazendo discursos pró ou contra determinados candidatos pois as pessoas que lêem essas revistas para se informar de assunto polêmicos, como política, escolhem determinado jornal para ler de acordo com sua linha editorial. É evidente que os jornais precisam de oferecer opiniões relevantes, que sejam condizentes com a verdade e opinar sobre determinados assuntos de forma clara, como fez o The New York Times, quando justificou de forma fundamentada suas escolhas na corrida presidencial, até para não perder credibilidade perante àqueles que apóiam adversários de Clinton e McCain.

Aqui em Uberaba, pode ser que haja problemas neste sentido. Temos dois grandes jornais. O atual prefeito adora criticar a imprensa e suas peripércias não podem passar batidas em qualquer jornal que se diga sério. Mas seria interessante termos uma experiência de imprensa honestamente polarizada nas próximas eleições municipais.
PS.: Se blog é uma mídia, nós anunciaremos em quem vamos votar aqui.

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